Em meio a desafios e grandes conquista, Zulmir Breda conclui sua gestão à frente do CFC

Ao analisar o período à frente do Conselho Federal de Contabilidade, o presidente da gestão 2018-2021, Zulmir Breda, se diz grato por ter conseguido levar adiante o legado daqueles que o antecederam, dando continuidade ao trabalho exitoso que realizaram. “Colegas de diferentes partes do país que, assim como eu, tinham como o objetivo principal desenvolver a contabilidade brasileira”, relata. Confira a entrevista abaixo.

Newsletter IPC: Como avalia a sua gestão no CFC?
Zulmir Breda:
Neste período, a despeito das dificuldades impostas pela pandemia de covid-19, atuamos com intensidade em todas as frentes que envolvem a missão de uma entidade de fiscalização profissional, o que é fundamental para a preservação e a evolução da contabilidade. Ao mesmo tempo, estivemos bem próximos dos Conselhos Regionais de Contabilidade, seja ouvindo as demandas da classe, seja dando todo o suporte necessário às suas atividades.

Mantivemos, também, interações constantes e exitosas com entidades parceiras de âmbito nacional e com organizações do Governo federal em geral, assim como com as entidades internacionais de referência para o CFC, como a Associação Interamericana de Contabilidade, a AIC, e a International Federation of Accountants, a Ifac, na sigla em inglês.

Contudo, qualquer êxito atribuído a essa gestão deve ser vista como o resultado do trabalho conjunto e sinérgico de uma diretoria firme e comprometida com seus propósitos e da atuação dos 54 conselheiros que deram o seu melhor pela classe contábil.

IPC: Quais foram as principais conquistas da gestão à frente do CFC?

ZB: Fico feliz em destacar que fortalecemos a imagem do CFC como entidade representativa da classe contábil brasileira. Com o intuito de buscar melhorias para o ambiente do exercício profissional, participamos de relevantes discussões com organizações nacionais e internacionais em prol da contabilidade.

Estivemos dedicados em assegurar às nossas prerrogativas profissionais e tenho um sentimento de realização pelos resultados que obtivemos na atividade de desenvolvimento profissional, de revisão e de convergência de diferentes normas de contabilidade. Ainda ressalto a revisão de toda legislação profissional, em especial a que dita as nossas prerrogativas profissionais, o que fortalece a nossa classe.

Nesta gestão, também demos realce ao aprimoramento de nossas ações de governança e de nossa comunicação com os profissionais, por meio de diferentes canais, em especial as redes sociais. Por fim, cito a ampla campanha nacional de valorização da profissão, que realizamos em 2021, que ressaltou a essencialidade do profissional da contabilidade para o desenvolvimento sustentável do país

IPC: Quais foram os principais desafios?

ZB: Sem dúvida, o principal desafio que enfrentamos foi a pandemia do novo coronavírus. No entanto, esse triste episódio de nossa história também trouxe muitos aprendizados. Em pouco tempo, tomamos uma série de medidas, mesmo sem termos até então a dimensão do que ainda enfrentaríamos adiante.

Em um primeiro momento, precisamos fazer gestões internas no CFC para dar apoio aos funcionários e, ao mesmo tempo, manter os serviços voltados para a classe em pleno funcionamento, ainda que pelo regime remoto. Nesse cenário, todos os colaboradores passaram a exercer as suas tarefas em casa, contudo, assegurando a continuidade dos processos essenciais do Conselho.

Em seguida, mas quase simultaneamente, focamos nossos esforços em analisar e buscar soluções para as dificuldades que os profissionais estavam enfrentando para realizarem as suas atividades. O necessário distanciamento social tornou-se um obstáculo para o exercício pleno das atividades. Nesse sentido, enviamos uma série de pleitos aos órgãos federais solicitando a prorrogação de diferentes prazos de ordem tributária. Outra iniciativa foi a realização de eventos virtuais nos quais esclarecemos as dúvidas sobre as diversas normas publicadas pelo Governo voltadas para a manutenção do emprego e da renda.

Hoje, verificamos que a essencialidade do profissional da contabilidade para o desenvolvimento sustentável do país está ainda mais evidente. Os profissionais da contabilidade ocuparam definitivamente o seu lugar como agentes fundamentais para a manutenção e o desenvolvimento das empresas.

Apesar de toda a dor trazida pela pandemia, saímos desse período triste da nossa história mais maduros, fortalecidos e, principalmente, mais conscientes de nossa importância para a sociedade.

IPC: Como avalia o cenário para o contador em 2022?

ZB: O próximo ano será de reconstrução da economia brasileira e os contadores terão importância fundamental nesse processo. Durante a pandemia, em nossos planejamentos, já vínhamos preparando as empresas para o pós-pandemia. Agora, essas estratégias estão sendo postas em prática. Contudo, com o mercado em constante movimento, manteremos a proximidade com os nossos clientes, oferecendo consultoria e indicando os melhores caminhos a serem seguidos nesse contexto de retomada econômica. Neste momento atípico de nossa história, deixamos ainda mais evidente a nossa essencialidade. Em 2022, manteremos a nossa atuação, ainda mais focados em pautas como a sustentabilidade.

IPC: Quais são seus planos para 2022?

ZB: Concluída a minha gestão à frente do Conselho Federal de Contabilidade, após um breve descanso, retornarei às minhas atividades na área da contabilidade. Além disso, estarei próximo ao CFC e ao Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Como ex-presidente das duas organizações, faço parte do conselho consultivo de ambas e isso me permite estar colaborando permanentemente com as nossas entidades mais importantes da classe.

IPC: O que deve ser da profissão contábil nos próximos anos?

ZB: O mercado e a economia estão em constante evolução e transformação. Essa realidade impacta diretamente a contabilidade e os profissionais da área que precisam se atualizar e se adaptar constantemente.

A necessidade de investimentos em tecnologia nas empresas contábeis não é um tema novo. Há alguns anos, já destacamos a necessidade de os profissionais da contabilidade conhecerem e aplicarem as novas tecnologias em seus processos. Essa transição vinha acontecendo e foi definitivamente acelerada a partir da pandemia de covid-19. Assim, o primeiro ponto que ressalto é uma profissão cada vez mais digital e, em consequência, capaz de produzir mais serviços com melhor qualidade em menor tempo.

Seguindo essa tendência, somamos ao trabalho mais funcional do dia a dia, que envolve o cumprimento das obrigações de diversas naturezas, como as tributárias por exemplo, as atividades de inteligência de mercado. Essa nova frente envolve a interpretação de informações com a finalidade de prever comportamentos de mercados e construir planejamentos mais estratégicos para nossos clientes. Nesse contexto que se descortina, somos consultores de negócios, profissionais capazes de estudar cenários e indicar caminhos mais seguros e promissores às empresas.

A terceira tendência é o posicionamento da contabilidade como uma das atividades pilares na implementação e no acompanhamento das práticas sustentáveis nas empresas. Os profissionais da área precisam compreender bem os aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) e seus impactos não apenas nas empresas, mas também na sociedade como um todo. Os elementos econômicos, sem dúvida, não se restringem a números e envolvem análises mais profundas e estratégicas que precisam ser visualizadas a partir do senso de coletividade.

Enfim, precisamos trabalhar cotidianamente para manter a nossa profissão atrativa e relevante no cenário nacional e global. Para isso, precisamos manter as entidades de classe fortes e atuantes para cumprirem esse importante papel de fortalecimento da profissão contábil.