27ª CONVECON reuniu diversos especialistas e abordou temas relevantes a classe contábil nos dias 17 e 18 de fevereiro

Teve início a programação online e gratuita da 27ª CONVECON

Teve início em 17 de fevereiro de 2022 a programação online da 27ª CONVECON, com dois dias de programação inteiramente gratuita. Aberta a todos os públicos, a Convenção pode ser acompanhada na plataforma REDE CONVECON MAIS. Para acessar, basta fazer o cadastro na plataforma www.cuboz.com/conveconsp, inscrever-se em uma das caravanas disponíveis e fazer a confirmação de inscrição nos painéis.

O presidente do CRCSP, José Aparecido Maion, e o vice-presidente de Educação Profissional Continuada do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), José Donizete Valentina, realizaram a abertura das atividades e deram as boas-vindas ao público.

“É uma grande alegria recebê-los na 27ª CONVECON. Estamos com 11 mil internautas, que têm hoje mais uma oportunidade de dar extensão ao conhecimento”, declarou o presidente Maion.

“A 27ª CONVECON online e gratuita é a verdadeira democratização do conhecimento, com a oportunidade de levar para a classe contábil tudo que ela merece. Fiquem conectados conosco!”, destacou Donizete.

Panorama dos Programas de Compliance em Empresas de Capital Fechado e Tendências para Ambientes menos Complexos

A primeira palestra da 27ª CONVECON online e gratuita no dia 17 de fevereiro de 2022, transmitida do Teatro Professor Hilário Franco na sede do CRCSP, foi feita pela a ssociate partner na área de Forensic & Integrity Services da EY, Marina Mantoan, e a gerente sênior da área de Forensic & Integrity Services da Ernst & Young do Brasil, Elida Senedez Micheloni. O moderador do painel foi o presidente da Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo (Fecontesp), gestão 2020/2022, Dagoberto Silvério da Silva.

Segundo Marina e Elida, nos últimos anos, o compliance vem alcançando cada vez mais destaque na agenda das empresas nacionais e internacionais. A tendência acompanha uma crescente pressão da sociedade, do mercado e dos órgãos reguladores por uma maior aderência aos princípios éticos.

O principal objetivo de um programa de compliance, disse Marina, “é promover uma cultura de integridade e transparência nos negócios, percorrendo todos os níveis da empresa, com o estabelecimento de controles internos voltados à prevenção, detecção e mitigação de condutas impróprias e atos ilícitos”. Os controles internos podem ser traduzidos no conjunto de procedimentos voltados ao gerenciamento dos riscos de integridade de cada organização.

Marina e Elida abordaram as tendências e realizaram um contraponto com as boas práticas de mercado e com as exigências já regulamentadas no cenário brasileiro e internacional.

Considerando que a Lei Anticorrupção brasileira (lei federal n.º 12.846/2013) se aplica a todas as empresas, independentemente de seu tamanho e complexidade, e tendo em vista a maturidade alcançada pela prática desde a promulgação da norma, as palestrantes pontuaram sobre a necessidade de haver uma perspectiva prática sobre os desafios e oportunidades de melhoria para as empresas de capital fechado e com estruturas menos complexas.

Marina e Elida reafirmaram a relevância do profissional contábil para divulgar às empresas, independente de tamanho, o programa de compliance, passando seu conhecimento por meio de comunicações e treinamentos sobre o tema.

Visão 3D e Possibilidades do Uso de Tecnologia Colaborativa no Planejamento e Execução de Trabalhos Periciais

O presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Aécio Prado Dantas Júnior, fez a abertura do painel e parabenizou a Comissão Organizadora, na pessoa do vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC, José Donizete Valentina, e do presidente do CRCSP, José Aparecido Maion.

“A realização da 27ª CONVECON de forma online democratiza o aprendizado e possibilita que pessoas não apenas de São Paulo, mas de todo o Brasil, participem deste grandioso evento. O CFC está sempre à disposição para incentivar exemplos como este, que devem ser seguidos”, afirmou Aécio.

Apresentado pelo advogado e administrador judicial Fábio Rodrigues Garcia e pelo perito contábil e mestre em Ciências Contábeis e Atuariais José Luiz Munhós, o painel tratou sobre a necessidade de adaptação dos peritos contábeis diante das novas tecnologias e as novidades tecnológicas já presentes no mercado. A palestra foi realizada em conjunto com a Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo (Apejesp).

A vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CRCSP, Flávia Augusto, moderadora do painel, fez a apresentação dos palestrantes. “A tecnologia se tornou muito presente no dia a dia do poder Judiciário. Em razão do número de informações que deve ser analisado, a tecnologia é uma grande aliada dos peritos contábeis, conferindo agilidade e precisão ao trabalho. E é sobre isto que iremos tratar neste painel”, revelou Flávia.

“A tecnologia desenvolvida pela Receita Federal, por meio do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), e a tecnologia introduzida pelo Banco Central e agências de fiscalização do Governo podem agilizar o processo de obtenção e tratamento da informação para fundamentação do laudo pericial ou do parecer divergente. No entanto, elas têm sido pouco utilizadas pelos peritos contábeis para dar celeridade aos processos”, revelou Munhós no início da apresentação.

A emissão de extratos bancários e outros arquivos importantes em sistemas do Banco Central, Prefeitura e outras fontes também foram explicados por José Luiz Munhós, que destacou a praticidade e segurança dos sistemas disponíveis. “Uma vez que as publicações são certificadas, o acesso às informações através do Sped e outros sistemas públicos garante a proveniência dos dados, que gozam de fé pública”, explicou o perito contábil.

De acordo com Fábio Garcia, é necessário que os peritos identifiquem também se os sistemas disponíveis atendem plenamente suas necessidades por informação e, caso necessário, busquem com programadores contratados o desenvolvimento de microssistemas.

Apresentando exemplos reais, Garcia ressaltou a necessidade de os profissionais saírem do campo operacional e se aprofundarem no campo estratégico da análise pericial, tendo na tecnologia uma importante aliada.

Um dos casos apresentados foi o de uso de uma tecnologia simples em uma grande rede de varejo brasileira que, através do cruzamento de informações, permitiu analisar arquivos eletrônicos fornecidos por instituições financeiras.

“A tecnologia analisou oito anos de extratos bancários com movimentação financeira de 1,2 bilhões em 160 lojas da rede e em seus respectivos cartões de créditos em questão de minutos”, revelou Garcia.

Metaverso Corporativo: um Admirável Mundo Novo

Em um ambiente que lembrou ficção científica, esta palestra começou com o presidente da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e professor titular da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Edgard Cornacchione, lembrando que a revolução do metaverso já foi anunciada há mais de 20 anos.

“A revolução do metaverso está em pleno curso, com organizações da área de tecnologia, as big techs, apostando alto e o mercado buscando melhor posicionamento diante de concorrentes”, disse Cornacchione.

Da ficção científica para a nossa realidade, segundo o doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, Napoleão Galegale, convidado para participar deste painel, “o metaverso já possuía elementos estruturantes bem definidos no início deste milênio. Conceitos de ambiente virtual, avatar, prims, ativos, marketplace e moeda virtual já estão sendo amplamente usados”.

O impacto, agora suportado por tecnologia mais potente e acessível, tende a ser muito significativo, redesenhando a experiência e a presença, o conceito de coletivo – avatar, hologramas e agentes reais ou não – e a revolução tecnológica de hardware, software e telecomunicações.

Cornacchione afirmou que reconhece sete vetores essenciais para avaliar os desafios e oportunidades: sociedade/comportamento, experiência unificada (2D, 3D, 360, XR), mercado, meios de pagamento (cripto), registro de transações (blockchain), segurança e ativos/tributação – NFT.

“As tendências são claras, com efeitos sobre os segmentos agrícola, comercial, de serviços e financeiro, notadamente em termos de personalização e empatia. Para a Contabilidade e para os contadores, percebe-se claramente que o metaverso catalisa a transformação digital”, afirmou o presidente da Fipecafi.

Galegale lembrou que a empresa Meta (o antigo Facebook) está investindo em metaverso, tendo já criado um ambiente para seu uso. “A Microsoft também já iniciou investimentos em avatares, assim como a empresa Roblox. Roupas, tênis, bolsas podem ser compradas para uso de avatares”, afirmou Galegale.

“Estou certo de que não há profissional que tenha sido melhor capacitado conceitualmente para lidar com o conjunto das variáveis mais sensíveis às organizações, como novas perspectivas sobre mercado – variáveis e interação – modelos de negócio, com efeitos sobre despesas, custos e receitas, processos – off e online – agentes reais e artificiais, acordos comerciais – smart contracts – recursos e ativos”, finalizou Cornacchione.

O empresário contábil e acadêmico da Academia Paulista de Contabilidade (APC), Adriano Gilioli, foi o moderador da palestra.

Algoritmos Disponíveis na Contabilidade para Gestão e Governança dos Pequenos e Médios Negócios

O contador, analista e consultor de investimentos Fábio Sobreira apresentou ao público da 27ª CONVECON as principais ferramentas tecnológicas disponíveis aos profissionais da contabilidade. O vice-presidente Financeiro do Sescon-SP, Jorge Luiz Gonçalves Rodrigues Segeti, foi o moderador do painel.

A palestra abordou a importância da Contabilidade no mercado financeiro e na governança das organizações e como a tecnologia pode auxiliar a elaboração de documentos contábeis, para que os profissionais possam concentrar seus esforços nas fases de planejamento e controle nos processos de gestão.

O palestrante afirmou que as informações financeiras são hoje um “ouro bruto” e que o profissional da contabilidade é o mais capacitado para lapidá-las e transformar estes dados em “verdadeiras joias”, que poderão garantir aos sócios e gestores de empresas uma vantagem competitiva nos negócios.

“Independente se é para uma grande, média ou pequena empresa na bolsa de valores, a contabilidade é a coisa mais importante, pois permite a análise fundamentalista dos negócios”, explicou o palestrante.

Sobreira explicou que todo processo decisório passa por diversas etapas: o primeiro passo é o planejamento, depois a execução e finalmente o controle, para saber se aquilo que foi planejado foi realmente executado. “A maioria dos contadores atua na execução, mas há hoje sistemas que podem parametrizar e realizar a execução dos processos contábeis. O planejamento e o controle, no entanto, são mercados que devem ser melhor explorados”, apontou o especialista.

Fábio Sobreira explicou que os algoritmos são parametrizações que transformam “inputs”, ou dados de entrada, em dados de saída, mais lapidados. “É como uma receita de bolo: os inputs são os ingredientes, o software ou algoritmo são a receita, o hardware são os utensílios e os dados de saída é o bolo. Mas assim como os ingredientes, os inputs também devem ser de qualidade, ou os dados de saída também terão baixa qualidade”, comparou o palestrante.

Matriz de Riscos Aplicada à Contabilidade Gerencial – Modelo Coso

O contador Fernando Furtado, gerente da BDO Brasil, painelista deste tema, iniciou sua preleção dizendo que “o desafio das pequenas e médias empresas hoje no Brasil está relacionada à inovação e oferta customizada de novos produtos e serviços”. Para ele, a realidade não é diferente para a profissão contábil, onde se percebe que os clientes internos e externos à organização estão cada vez mais exigentes, não sendo suficiente apenas a entrega do produto, como os registros contábeis, balancetes e balanço patrimonial, mas sim quais atividades e experiências agregam valor a estes clientes.

Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Coso) é um framework criado por um grupo, com procedimentos executados para construção de um ambiente contábil seguro, focado nos pilares dos controles internos e nos objetivos dos procedimentos contábeis.

Nesse modelo, controle interno é definido como um “processo projetado e implementado pelos gestores para mitigar riscos e alcançar objetivos”. Por sua vez, risco é definido como “a possibilidade de ocorrência de um evento que possa afetar o alcance dos objetivos”. Para o Coso, o controle interno é um processo que tem por objetivo mitigar riscos, com vistas ao alcance dos objetivos.

O modelo do Coso é representado por um cubo no qual as três faces visíveis representam: tipos de objetivos; níveis da estrutura organizacional e componentes. O foco do Coso tem como objetivos: operacionais, assegurar relatórios financeiros confiáveis e assegurar conformidade legal/regulatória.

A visão relativa à estrutura organizacional busca atingir a organização como um todo, abarcando unidade, departamento, divisão, do maior ao menor nível. O modelo se concentra nos seguintes componentes: ambiente de controle, análise de riscos, atividades de controle, informação e comunicação e monitoração.

Para Furtado, a disseminação do modelo Coso, “propiciará o amadurecimento do assunto de governança, se estendendo aos escritórios contábeis, definindo papéis e responsabilidades, proteção vinculada às principais assertivas de riscos e posicionando a área contábil a um patamar estratégico nas organizações”.

O presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), gestão 2020-2022, Geraldo Carlos Lima, fez a mediação dos debates.

O Novo ISSB do IFRS Foundation: Normas Contábeis de Alta Qualidade – Divulgações sobre Sustentabilidade

Criado pela Fundação IFRS, o novo Comitê Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB – International Sustainability Standards Board) irá viabilizar no mundo a padronização dos relatórios financeiros voltados a questões de sustentabilidade e de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG – Environmental, Social and Corporate Governance, no original em inglês), de forma a ampliar sua efetividade.

O coordenador do Grupo de Trabalho Sustentabilidade e ESG do Ibracon, Sebastian Yoshizato Soares, apresentou ao público da 27ª CONVECON os principais aspectos desta nova modalidade de padrões financeiros e como eles irão impactar a gestão das empresas e o trabalho dos auditores independentes e demais profissionais contábeis.

O diretor de Desenvolvimento Profissional do Ibracon – 5ª Seção Regional, Renato Postal, fez a moderação da atividade e apontou que a crescente preocupação das organizações sobre questões sociais e ambientais é uma tendência mundial.

“A mudança climática e o desenvolvimento das organizações são temas cada vez mais interligados. A sociedade já não aceita mais agressões ao meio ambiente, pois se não tivermos uma ação efetiva agora, as futuras gerações não poderão usufruir dos recursos naturais”, apontou Postal na abertura do painel.

“O tema da sustentabilidade não é novo e é debatido há décadas. Mas é evidente que temos falhado com os compromissos que assumimos anteriormente e talvez esta seja a última vez que tenhamos a oportunidade de ser a geração que poderá consertar questões sociais e ambientais”, disse Soares.

O palestrante explicou o que é o ESG e a razão de estar no centro do debate no mundo dos negócios. “O ESG é uma construção de uma agenda de gestão de médio e longo prazo para resolver um problema real da sociedade. Não há problema em buscar o lucro, mas é necessário que as organizações tenham uma visão mais consciente sobre os problemas do planeta. Trata-se de uma questão de sobrevivência”, declarou.

Neste contexto, a prestação de contas das empresas para os stakeholders, atualmente realizada pelos relatórios de sustentabilidade, converge para um padrão internacional. Soares apontou que a elaboração dos relatórios de sustentabilidade para as companhias de capital aberto passou a ser obrigatória

Sebastian informou ao público que o IFRS Foundation, organismo máximo para o direcionamento das normas contábeis, constituiu o Comitê Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB – International Sustainability Standards Board), que aglutina diversos órgãos que lutavam pela sustentabilidade para se constituir, neste primeiro momento, um conjunto de normas contábeis que irá direcionar as divulgações que as companhias deverão fazer em torno do clima.

“Quando você pega todos os frameworks e programas voltados ao tema, temos mais de 500 indicadores, muitos deles muito específicos e de difícil compreensão. Este movimento do ISSB simplifica e padroniza estes índices, auxiliando as empresas e organizações a trabalharem em torno de uma agenda positiva em comum”, opinou Soares.

“Há que se tomar cuidado o Green Washing, quando uma empresa diz ter um posicionamento pela sustentabilidade e questões sociais, mas que ao se verificar os números, percebe-se que este posicionamento é apenas uma peça de marketing. O ISSB irá contribuir para identificar aqueles que possuem um engajamento verdadeiro daqueles que não possuem”, alertou o palestrante.

“Se quisermos ser relevantes no mercado futuramente, teremos que estar preparados para esta mudança e nos atualizarmos, pois cada vez mais o ESG irá exercer um impacto em toda a cadeia produtiva”, aconselhou Sebastian.

Painel com Gabriela Prioli: Contexto Político e Econômico no Novo Cenário dos Negócios

Mestre em Direito Penal, jornalista e apresentadora da CNN Brasil, Gabriela Prioli teve como moderadores de sua palestra o presidente do CRCSP, José Aparecido Maion, e o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do Conselho Federal de Contabilidade (CF), José Donizete Valentina.

Em uma de suas primeiras palestras presenciais, Gabriela, que é filha de contador, começou dizendo que a pandemia nos ensinou que precisamos trocar experiências, sermos mais unidos. “Os indicativos de que o mundo estava mudando estavam aí, já em 2019 sabíamos que havia um vírus na China, mas não nos preparamos para viver online, ignoramos a realidade”.

No entanto, a realidade se impõe e hoje a realidade do Brasil apresenta uma situação econômica ruim, com inflação de dois dígitos, alta de juros e de desemprego. “Como vivemos hoje?”, perguntou a palestrante. “Depois de no final de 2021 esperarmos uma melhora da situação, nos deparamos com a nova cepa do coronavírus – o ômicron. O que isso nos ensina? Que temos que ter agilidade de mudar – e isso vale para qualquer profissão, não só para a Contabilidade”.

Temos que ter otimismo – que outra alternativa temos? – e nos estruturar para mudanças; manejar instrumentos de tecnologia e fazer planos de longo prazo ao mesmo tempo que vivemos o presente, com uma certeza: o cenário é de incerteza, segundo pensa Gabriela.

O presidente Maion contou que durante a pandemia, os gestores do CRCSP tiveram que planejar três cenários para as finanças da entidade: um pessimista, um otimista e um cenário real. “Foi assim que conseguimos atravessar o período mais crítico que tivemos”, disse Maion.

Gabriela acredita que já passamos pelo pior e, daqui pra frente, teremos um cenário de melhorias. “Nosso otimismo”, disse a jornalista da CNN, “tem que ser um otimismo com estratégia, com preparação, para ser eficaz e atingir nossos objetivos”.

Ela também crê que a sociedade deve estar aberta à diversidade porque visões diversas sobre o mesmo problema apresentam as melhores soluções. “Empresas onde há mais dirigentes mulheres apresentam mais lucratividade, conforme já mostraram as pesquisas”, disse Gabriela.

A palestrante disse que gostou muito da sede do CRCSP porque viu no teatro onde era transmitida sua palestra um espaço de convivência não só do profissional da contabilidade, mas da comunidade.

Ela também brincou que o profissional que melhor lidou com a pandemia, sem dúvida, foi o contador que “acostumado com a loucura da tributação brasileira está acostumado com o caos”.

Ao finalizar também concordou com o presidente Maion que “estar prontos para mudar o mundo é o novo normal e precisamos acreditar que a lição da pandemia é que devemos cuidar do bem comum e sermos mais humanos”.

CRCSP e APC premiam melhores dissertações de mestrado e tese de doutorado na 27ª CONVECON

Como forma de valorizar e incentivar a produção acadêmica na área contábil, o CRCSP e a Academia Paulista de Contabilidade (APC) premiam anualmente a melhor tese e as melhores dissertações de mestrado voltadas à área contábil. A 27ª CONVECON reservou um espaço especial em sua programação, em 18 de fevereiro de 2022, para a apresentação e premiação dos trabalhos selecionados pela Comissão Avaliadora.

O moderador da apresentação foi o conselheiro do CRCSP e acadêmico da APC Alexandre Sanches Garcia, que trouxe números sobre o ensino superior e os programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil.

“Nós temos mais de 200 milhões de habitantes no Brasil e cerca de 8 milhões de estudantes de nível superior, segundo dados de 2019 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Existem 600 mil alunos de graduação em Ciências Contábeis, curso oferecido por 1.300 instituições de ensino. No entanto, apenas 33 universidades no país possuem programas de mestrado e doutorado”, revelou Alexandre.

“Esta premiação tem como objetivo mostrar os resultados práticos de trabalhos científicos e mostrar o quanto vale o esforço na continuidade dos estudos e na pesquisa para a busca de soluções dos problemas organizacionais”, concluiu o conselheiro do CRCSP e acadêmico.

O prêmio Tese e Dissertações premiou os autores e seus autores com certificados de reconhecimento e os seguintes prêmios em dinheiro:

R$ 6 mil para a melhor tese de doutorado;
R$ 4 mil para a melhor dissertação de mestrado;
R$ 3 mil para o segundo colocado na categoria dissertação de mestrado;
R$ 2 mil para o terceiro lugar na categoria mestrado.
A entrega foi realizada com o apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), patrocinadora da premiação.

Os vencedores do prêmio Tese e Dissertações na categoria dissertação de mestrado são:

Anderson Moura da Silva, com a dissertação “Um Estudo sobre a Percepção dos Gestores Atuantes em Escritórios de Contabilidade acerca das Dificuldades e Novos Desafios na Prestação de Serviços Oferecidos às Micro, Pequenas e Médias Empresas”, trabalho orientado por Sérgio de Iudícibus;
João Antonio Lopes, com a dissertação “Um Estudo sobre o Emprego do Hedge Accounting sobre os Instrumentos Financeiros Derivativos nas Instituições Financeiras”, orientada por Alexandre Gonzales;
Sérgio José Istatari, com o trabalho “Indicadores Essenciais para a Gestão de Estoques: uma Aplicação ao Segmento Varejista de Supermercados”, realizado sob a orientação de Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.
Na categoria tese de doutorado, a premiada foi Paola Richter Landero, com o tema “Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação dos Retornos Econômicos e Sociais Gerados pelas Cooperativas Agropecuárias e seus Cooperados”, trabalho orientado por Ariovaldo dos Santos.

A doutora Paola Richter Landero e o mestre Anderson Moura da Silva apresentaram ao vivo um resumo sobre suas pesquisas e os resultados obtidos por elas. Após a apresentação, Alexandre Garcia entregou um diploma de honra ao mérito aos autores.

Ao iniciar a cerimônia de premiação, o diretor de Cursos da Fipecafi, Adson Braga de Aguiar, destacou a importância da iniciativa. “A premiação de trabalhos de pesquisa de mestrado e doutorado contribui para o aprendizado contínuo dos profissionais contábeis, que possam entregar à sociedade produtos ainda melhores do que já é ofertado”, declarou Adson.

Os mestres Anderson Moura da Silva, João Antonio Lopes e Sérgio José Istatari, acompanhados de seus orientadores Sérgio de Iudícibus, Alexandre Gonzales e Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos e a doutora Paola Richter Landero receberam a premiação no palco do Teatro Professor Hilário Franco, na sede do Conselho. Os presidentes do CRCSP, José Aparecido Maion, e da APC, Domingos Orestes Chiomento, e o diretor da Fipecafi Adson Aguiar realizaram a entrega dos prêmios.

Gestão de Conflitos: Inovação, Criatividade e Oportunidades na Mediação Empresarial

Mediada pelo presidente da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo (Apejesp), José Vanderlei Masson dos Santos, esta palestra teve a presença do advogado e administrador judicial, Kleber Bissolatti, e do juiz de Direito da 1.ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos de Arbitragem, Recuperação Extrajudicial e Judicial e Falências, Marcelo do Amaral Perino.

A mediação empresarial é uma nova rodada de negociações entre empresas ou sócios em conflito, que tem como objetivo desfazer impasses ou resolver negociações complexas. É um destaque nos dias atuais porque se mostra na prática como instrumento eficaz e efetivo para a solução de conflitos na esfera empresarial e também no direito da insolvência.

Para Marcello Perino, “a mediação tem uma grande importância porque os processos de insolvência das empresas são caros. A mediação evita processos, que são lentos”.

“Sou incentivador da mediação porque tem bons resultados”, reafirmou Perino. “É um campo novo, moderno e aconselho a que profissionais da contabilidade se especializem, estudem, aproveitem”.

Bissolatti acredita que se ambas as partes do processo concordam com a mediação, o caminho para resolver as pendências está aberto. “Se tem um mediador”, afirmou, “há um situação mais transparente, com mais celeridade para a resolução”.

A mediação empresarial pode trazer diversas vantagens, como a redução de custos com processos judiciais, além de desafogar os processos que abarrotam o Judiciário, e é o melhor caminho para a solução de conflitos.

De acordo com Perino e Bissolatti, aprovado o plano de mediação, a empresa sai da condição de devedora e pode captar recursos no mercado com taxas menores, apressando sua recuperação.

Contadores podem se especializar em perícia. Para ser perito na área contábil é preciso concluir a graduação em Ciências Contábeis, e estar devidamente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade. Conforme a legislação vigente, a perícia contábil é uma atividade exclusiva dos contadores.

Gestão Contábil e Tributária de Criptoativos para as Pessoas Físicas e Jurídicas

Os criptoativos, entre eles as criptomoedas como o bitcoin, são cada vez mais utilizados como uma opção de investimento, tanto por grandes empresas como a Tesla como por usuários comuns. E conforme a presença deles se intensifica, amplia-se também o debate sobre estes ativos

Para explicar como pessoas físicas e jurídicas devem realizar a gestão contábil e tributária dos criptoativos, a 27ª CONVECON trouxe o doutor em Contabilidade Tiago Borges Slavov, que tratou no painel sobre o que exatamente são estes criptoativos e como reconhecer, mensurar e divulgar atividades associadas à emissão e investimento dos diversos tipos de criptoativos. A vice-presidente Financeira da Aescon-SP, Carla Álvares Chiomento, realizou a moderação do painel.

Slavov revelou que há um mercado real de criptoativos estimado em US$ 2 trilhões de dólares, constituído principalmente pelas criptomoedas. Ele também explicou alguns termos relacionados aos criptoativos:

Criptomoedas – meios de troca que utilizam a tecnologia de registros distribuídos (DLT), dos quais o mais conhecido é o blockchain.
Blockchain – funciona como um “livro razão”, no qual são registradas todas as operações do criptoativo, garantindo sua inviolabilidade.
Tokens não-fungíveis (NFT) – criptoativos vinculados a um bem tangível ou intangível.
Stable Coins – criptomoedas lastreadas em ativos estáveis para reduzir sua volatilidade.
Finanças Descentralizadas (DeFi) – criptoativos vinculados a serviços financeiros prestados sem intermediários.
Web3 – tecnologia que garante a posse de dados aos usuários, promovendo a internet descentralizada, entre elas a tecnologia .torrent, que permite a troca de arquivos diretamente entre os usuários.
International Token Classification (ITC) – estrutura para a classificação e listagem de criptomoedas.
Slavov revelou que a principal referência hoje na legislação referente aos criptoativos é a Instrução Normativa IN RFB n.º 1.888/2019, que trata sobre a obrigatoriedade de prestar informações à Receita sobre as operações com criptoativos. Ele também tratou sobre outros normativos tributários, como a Solução de Consulta Cosit n.º 214, que isenta de Imposto de Renda o ganho de capital auferido na alienação de criptomoedas com valor igual ou inferior a R$ 35 mil por mês.

“Ainda há uma lacuna regulatória para definir o tratamento dado a diversos casos e é necessário aplicar abordagens contábeis, financeiras e tributárias baseadas em princípios. Ao investir nestes ativos, também é fundamental que o investidor busque consultores profissionais para tomar decisões assertivas”, concluiu Tiago Slavov.

Smart Society e a Nova Estratégia dos Negócios com Tecnologias de Ponta

A painelista Lilian Primo Albuquerque chegou à sede do CRCSP para sua palestra em um patinete elétrico. CEO e cofounder da Mobye – Mobilidade Elétrica e executiva de Tecnologia, vice-presidente do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação, vice-presidente de TI na Anefac e colunista na Nova Brasil FM, Lilian é totalmente favorável às novas tecnologias que facilitem a vida e protejam o meio ambiente.

Ela interagiu com a mediadora deste painel, a presidente nacional da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), sócia da Praesum Contabilidade Internacional, Praesum Serviços Administrativos e Lumadis Treinamento< marta Cristina Pelúcio Grecco. Elas concordam que é cada vez mais comum ouvirmos falar de cidades, comunidades, governança e pessoas inteligentes como a base de iniciativas pelas quais podemos abordar diversos problemas sociais e ambientais, principalmente aqueles ligados à sustentabilidade. Lilian disse que o que víamos como futuro distante no desenho dos Jetsons chegou rapidamente através da tecnologia. “Temos que estar com a mente aberta ao que está vindo porque pode ser melhor para nossos filhos e netos”. “As mudanças são positivas”, afirmou Marta. “Há 50 anos, meu sogro fazia contabilidade manual. Hoje, temos tecnologias como a Alexa que atende pedidos de músicas, descobre receitas e até fica quieta quando pedimos”. Diversas tecnologias ajudam na evolução da smart society, como chatbot das empresas, manuais cognitivos de carros que ajudam os clientes e os drones que, como lembrou Marta, ajudam até na auditoria de setores do agronegócio, por exemplo. “Pensar smart”, disse LIlian, “é ajudar o próximo, facilitar o trabalho nas empresas. A smart society ajuda a ter uma qualidade de vida melhor, ajuda as pessoas a ter mais tempo para elas. Cada um faz a sua parte e deixa sua vida melhor”.

Provedores de Serviços Técnicos: a Estratégia da Índia e as Possibilidades Brasileiras

Apresentado pelo coordenador do Grupo de Trabalho de Novos Serviços do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Adriano Correia, com moderação do diretor de Desenvolvimento Profissional do Ibracon – 5ª Seção Regional, Nabil Ahmad Mourad, o painel abordou oportunidades de negócio na prestação de serviços em um cenário que está em constante evolução.

Mourad destacou no início do painel as mudanças que ocorreram nos últimos anos na prestação de serviços, com o surgimento de novas tecnologias de comunicação, streaming, delivery, entre outros, e como elas impactaram a área contábil.

Adriano Correia destacou que os novos serviços que surgem também têm a necessidade um profissional contábil diferenciado. “O profissional da contabilidade hoje deve ser capaz de construir relacionamentos com seu trabalho, não apenas internamente, mas com outras áreas da empresa, com outros setores e com a sociedade”, declarou Correia, que ressaltou que o profissional do futuro precisará ser multicultural e fluente em tecnologia.

Ter pensamento analítico e inovador, manter o aprendizado constante, possuir criatividade, originalidade, iniciativa, liderança e capacidade para avaliar sistemas e resolver problemas complexos foram algumas das características destacadas por Adriano Correia como essenciais para o profissional contábil do futuro, que possui uma atuação muito mais voltada para a gestão que para funções mais operacionais.

Ao falar sobre o futuro da profissão contábil, Correia ressaltou que a manipulação de grandes volumes de dados, o trabalho em parcerias e a utilização intensiva da tecnologia já são realidade e que serão cada vez mais fundamentais.

Para exemplificar, o palestrante trouxe exemplos de empresas chinesas e indianas e como a cultura empresarial de cada um destes países as ajudou a assumir a liderança dos negócios em diversos setores.

Neste cenário global, Nabil Mourad e Adriano Correia apresentaram algumas tendências e oportunidades para o mercado brasileiro na prestação de serviços digitais e na especialização de instrumentos financeiros.

“Nós temos que entender que estamos em um novo cenário e saber onde estamos e onde queremos chegar. Seremos um profissional que presta serviços contábeis a muitas empresas com preços atrativos e ganhando na massa de clientes atendidos ou seremos profissionais altamente especializados, com poucos clientes e cobrar caro por serviços diferenciados?”, questionou Mourad, que ressaltou que ambas as estratégias são atrativas, mas que devemos nos especializar para nos destacarmos no mercado.

“É necessário entender também que a tecnologia é uma aliada. Nós não seremos substituídos pelas máquinas, mas nossa forma de prestar serviços irá evoluir conforme nossos clientes também evoluem”, concluiu Adriano Correia.

Painel com Heródoto Barbeiro: Ética de Cada Dia

A palestra do jornalista Heródoto Barbeiro fechou com chave de ouro a 27ª Convenção dos Profissionais da Contabilidade (CONVECON), o primeiro evento online e gratuito na história do CRCSP.

Acompanhado dos moderadores, o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), José Donizete Valentina, e o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), Carlos Alberto Baptistão, Heródoto disse que mais do que nunca, vivemos de reputação. “Todas as profissões têm um Código de Ética. Os jornalistas também, mas sem previsão de punição. A punição é a perda da credibilidade”.

Heródoto disse que as fake news não são novas. “As notícias falsas já aconteciam há décadas passadas. Em 1937, divulgou-se o Plano Cohen, um plano para se implantar o comunismo no Brasil. Getúlio Vargas aproveitar para dar um golpe de Estado. O Plano Cohen não existia, foi escrito pelo general Mourão, o mesmo que estava no golpe de 1964”.

Para Heródoto, o celular provocou uma revolução na comunicação. “O celular é um equipamento emissor e provocou a quebra dos oligopólios de comunicação. Acredito que isso é democrático porque qualquer cidadão pode emitir, não dá mais pra segurar a notícia”.

Mas o perigo em se errar é muito maior porque qualquer um de nós pode colocar a informação na internet e os fatos viram notícias. “Os princípios éticos são permanentes”, disse Heródoto. “Um jornalista pode provocar prejuízos materiais e morais – como aconteceu com a falsa notícia que os donos da Escola Base assediavam crianças”, relembrou ele.

A primeira pergunta que o jornalista deve se fazer é “será que é verdade?”. Como disse o palestrante, notícia agora virou um espetáculo, “temos que estar atentos e, como disse Adam Smith – antes da riqueza vem a ética”.

A marca – esse bem intangível – seja para as empresas ou para as pessoas, é o maior patrimônio que se pode ter. “Temos que manter a ética para manter a credibilidade, porque é o que vale no presente ou no futuro”.

Encerramento
O presidente do CRCSP, José Aparecido Maion, presente na palestra de Heródoto Barbeiro, fez o encerramento da 27ª CONVECON agradecendo aos mais de 12 mil inscritos no evento. “Muito obrigado e estejam sempre conosco, aproveitando todas as atividades do CRCSP e das Entidades Contábeis”, finalizou Maion.

Fonte: CRCSP