Raul Corrêa, CEO da BDO, destaca que, com a adoção da IA na contabilidade, surgem questões éticas, como a transparência dos algoritmos, a responsabilidade pelas decisões automatizadas e os riscos de vieses

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel cada vez mais importante na transformação do setor contábil. Com a automação de tarefas repetitivas, como lançamentos, conciliações e elaboração de relatórios, a profissão de contador está passando por uma mudança profunda.

No caso da contabilidade, Raul Corrêa da Silva, CEO da BDO, destaca que a inteligência artificial não veio para substituir o contador, mas para complementar o trabalho realizado. Segundo ele, a automação permite que os profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas, como análise de dados, consultoria financeira e planejamento tributário. Ele afirma: “A IA está automatizando tarefas rotineiras e repetitivas, o que libera os contadores para se tornarem verdadeiros analistas e consultores.”

O uso de IA pode melhorar significativamente a tomada de decisões nas empresas. Silva reforça: “Os avanços em IA podem fornecer análises preditivas e insights baseados em grandes volumes de dados.” Contudo, ele adverte que questões éticas surgem, como a transparência dos algoritmos, a responsabilidade pelas decisões automatizadas e os possíveis vieses nos dados. “A supervisão humana ainda é fundamental para garantir que essas decisões sejam corretas e justas”, completa.

Para ele, a confiança dos clientes nas práticas contábeis automatizadas depende da transparência dos processos: “Desde que essas tecnologias sejam implementadas de forma transparente e com explicações claras, a confiança só tende a aumentar.” Silva ressalta que, apesar dos benefícios, há riscos de dependência excessiva e erros que podem passar despercebidos, o que reforça a necessidade de supervisão constante.

Silva pontua que, embora a tecnologia seja poderosa, ela não substitui o julgamento crítico e o entendimento do contexto feito pelo profissional: “A análise crítica, o julgamento humano e a compreensão do cenário continuam sendo habilidades insubstituíveis.” Ele acredita que a IA deve ser vista como uma ferramenta de suporte, não um substituto completo.

Com o advento da IA, ele avalia que os profissionais devem adquirir novas habilidades: “É essencial desenvolver habilidades em análise de dados, uso de ferramentas tecnológicas e, principalmente, habilidades interpessoais para comunicar insights aos clientes.” Dessa forma, os contadores poderão agregar mais valor ao seu trabalho.

Por fim, Silva comenta sobre as possíveis consequências do avanço tecnológico: “Embora a automação possa diminuir a demanda por tarefas tradicionais, ela também cria novas oportunidades de atuação.” Ele reforça que, ao se adaptarem e investirem em requalificação, os profissionais estarão preparados para um mercado que exige cada vez mais competências estratégicas e analíticas.

A transformação digital impulsionada pela IA está mudando a essência da contabilidade. A profissão seguirá evoluindo, mas a ética, a transparência e o julgamento humano continuarão sendo essenciais para garantir um trabalho confiável e de qualidade.