O estudo “O Futuro Digital da Contabilidade”, realizado pela Deloitte, revela que a inteligência artificial (IA) está transformando o papel do contador ao automatizar tarefas rotineiras, como lançamentos contábeis e reconciliações bancárias. Marcelo Magalhães, CEO da Deloitte Brasil, afirma que essa mudança permite que os profissionais da contabilidade se concentrem em atividades estratégicas, como planejamento financeiro e consultoria tributária, além de áreas que demandam experiência e julgamento profissional. Ele ressalta que a IA não apenas melhora a precisão e a eficiência dos processos contábeis, mas também oferece insights mais aprofundados sobre dados financeiros.
O impacto da IA vai além da automação; ela possibilita análise avançada de grandes volumes de dados em tempo real, facilitando a identificação de tendências e outliers, o que melhora a tomada de decisões estratégicas nas empresas. Contudo, Magalhães alerta para as considerações éticas que acompanham essa evolução, incluindo a transparência dos algoritmos, a mitigação de vieses e a proteção da privacidade dos dados analisados. “As empresas devem garantir que as decisões automatizadas sejam auditáveis e alinhadas com princípios éticos para evitar riscos reputacionais.”
A automação vinda da IA pode transformar a confiança dos clientes nas práticas contábeis. Ao fornecer registros detalhados e auditáveis de forma mais tempestiva, a tecnologia aumenta a transparência. No entanto, o CEO, acredita que as empresas devem equilibrar essa automação com o julgamento profissional dos contadores, assegurando que as informações sejam contextualizadas corretamente e mitigando o risco de falhas no processo automatizado.
A questão dos limites do uso da inteligência artificial na contabilidade também é crucial. Embora a IA seja eficaz na automação de tarefas rotineiras e na análise de dados, ele enfatiza que a contabilidade sempre dependerá do julgamento profissional do contador, considerando o contexto das transações. “A IA deve ser utilizada como um meio para aprimorar as informações processadas, e nunca como um fim. Os profissionais devem posicionar a IA como uma ferramenta complementar, utilizando-a para enriquecer suas análises e decisões, sempre aplicando seu conhecimento e senso crítico para interpretar os resultados fornecidos pela tecnologia. Isso assegura que a qualidade e a integridade das práticas contábeis sejam mantidas.”
Sobre as habilidades necessárias para os profissionais contábeis diante da ascensão da IA, Magalhães afirmou que será importante desenvolver competências em análise de dados, tecnologia e cibersegurança. Além disso, pondera que as habilidades interpessoais, como comunicação, pensamento crítico e adaptabilidade, se tornarão cada vez mais essenciais para interpretar corretamente os insights gerados pela IA e transformá-los em recomendações estratégicas para as empresas.
Por fim, ao abordar o risco de desemprego em massa devido à adoção crescente de agentes de IA, o CEO da Deloitte Brasil observa que a automação possibilitada pela IA pode substituir funções repetitivas e operacionais na contabilidade. Contudo, ele avalia que a natureza do trabalho evolucionará, com os profissionais assumindo papéis mais analíticos e consultivos. “A tendência é que a demanda por habilidades que complementem a tecnologia, como a interpretação de dados e consultoria estratégica, aumente. Assim, a adaptação e a requalificação profissional são essenciais para que os contadores se mantenham relevantes e aproveitem as novas oportunidades que surgem com a transformação digital.”