Finanças sustentáveis: cenário para 2023

Por Gildo Freire de Araújo, presidente do IPC

A ESG tem se dedicado a enfrentar alguns dos desafios globais mais prementes em busca do crescimento sustentável para as economias de todo o mundo. É por isso que nos concentramos na fusão atual entre sustentabilidade, finanças e contabilidade e começamos 2023 de olho nos quatro principais fatores que devem impulsionar o setor financeiro sustentável este ano.

1) Complexidade dos regulamentos

Na área de finanças sustentáveis, os regulamentos, padrões e diretrizes de divulgação e as definições utilizadas ainda estão evoluindo. Por isso a importância da convergência de iniciativas e normativas neste campo se faz cada vez mais necessárias.

O Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB) deve alinhar seus princípios e métricas, bem como esforços de rotulagem digital, em padrões de divulgação de sustentabilidade.

2) Fator natureza: cada vez mais presente na sala de reuniões

Estima-se que metade do PIB mundial dependa de capital obtido da natureza. O problema é que quase nenhum desses custos é incluído na contabilidade financeira, na gestão de riscos ou nas avaliações de negócios. Além disso, a crise climática não pode ser resolvida sem a natureza.

A biodiversidade há muito é ignorada pelos mercados de capitais. Espera-se que haja uma aceleração das definições de KPI para recursos naturais, bem como dos requisitos de divulgação. E, claro, uma maior disponibilidade de dados também é necessária para tornar produtos e soluções financeiras relacionadas à natureza cada vez mais comuns.

3) O custo da descarbonização

Atualmente, por incrível que pareça, as empresas ainda têm pouco conhecimento sobre o custo da descarbonização. Quando se trata de atingir suas metas Net Zero, ou seja, zero emissão líquida de gases de efeito estufa, muitos deles precisam medir e quantificar o preço disso.

Mas, a partir deste ano, dimensionar e precificar a descarbonização de um negócio deve estar no topo da agenda empresarial, pois desafios como o custo da energia continuarão relevantes.

No futuro, o preço do carbono poderá ser um elemento essencial.

4) Reavaliar reivindicações, terminologia e rótulos

Os riscos políticos e de litígio estão forçando as empresas a reavaliar suas reivindicações ESG, bem como rótulos de produtos e declarações públicas. Se faz necessário buscar transparência, bem como definições e padrões globais.

À medida que o mundo começa a realmente entender (e calcular) os custos da natureza e das mudanças climáticas, surge a necessidade de aumentar o montante de financiamento para um plano de mudanças climáticas nas empresas, é preciso alinhar estratégias, operações e custos.