O mundo das criptomoedas está cada vez mais ancorado no sistema econômico global, o que causou uma onda de mudanças e necessidades no meio contábil relacionadas à tecnologia de criptomoedas e blockchain. Uma delas é a auditoria de criptomoedas, que integra o conhecimento da auditoria interna ao ecossistema cada vez mais extenso de ativos criptográficos.
Não há dúvidas de que muitos profissionais das áreas de contabilidade, auditoria e gestão de risco tiveram que atualizar seus conhecimentos com a entrada das criptomoedas no ecossistema financeiro global.
Segundo Raul Corrêa, chairman e CEO da BDO Brasil, quando clientes possuem criptoativos, o auditor inclui em seu planejamento exames que possam mitigar os riscos de existência, completude, acuricidade, valorização e apresentação. “Além disso, é preciso comprovar a efetiva posse dos ativos por parte da empresa. Esses procedimentos variam conforme o criptoativo. Quando o cliente não possui tais recursos, tais testes não são necessários”.
A grande questão que paira sobre os criptoativos na contabilidade e auditoria é justamente o entendimento uniforme dos reguladores. Raul pontua que hoje há um certo consenso, e estabelecido desde 2012, de que as criptomoedas devem ser tratadas como commodities nas demonstrações contábeis por não terem liquidez suficiente para serem consideradas “moedas”.
No futuro, aumentando a liquidez de tais ativos, é conceitualmente possível que tenham empresas que venham a adotar criptomoedas até mesmo como moeda funcional ou de apresentação da entidade, mas isso ainda não é uma realidade.
Na prática, em uma empresa de auditoria como a BDO, os profissionais da área de auditoria têm realizado o devido planejamento dos trabalhos, envolvendo especialistas no tema quando se deparam com ativos desta natureza.
“Como com qualquer ativo, testes adequados devem ser desenhados para mitigar riscos identificados nos exames em relações a todas as assertivas contábeis aplicáveis”, finaliza Raul.