“Nos últimos anos a profissão contábil ficou em evidência, com maior reconhecimento. Isso se deu pelas alterações constantes da forma de apresentar informações ao fisco (SPED) o qual exigiu aperfeiçoamentos, assertividade e tempestividade das informações, que fizeram com que as empresas dessem mais atenção a contabilidade”, explica Carlos Baptistao, diretor da Markar e vice-presidente do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo). Em 22 de setembro é comemorado o dia do Contador, neste mês especial, a Newsletter do IPC, conversou com o especialista, sobre os desafios da profissão e muito mais.
Newsletter IPC: Quais os desafios da profissão de contador hoje?
Carlos Baptistao: A pandemia tornou ainda mais os empresários dependentes das orientações dos contadores, que se buscaram informações confiáveis para que suas empresas pudessem passar pelas dificuldades desse momento. Podemos destacar que o contador foi o grande consultor das áreas fiscal, trabalhista e tributária. Apenas a título de exemplo citamos as consultorias quanto ao home office, aos parcelamentos e diferimentos de tributos, a redução parcial de jornada e salário, e ao trabalho rotineiro já efetuado pelo profissional da contabilidade.
IPC: Diante desse cenário, o que o contador precisa?
CB: o contador precisa se aperfeiçoar cada vez mais, pois está em uma fase de transformação de figurante a protagonista para empresas e para os setores públicos, mas precisa:
– Buscar conhecimento e se profissionalizar cada vez mais, para ser o conselheiro dos empresários;
– Desenvolver habilidades de comunicação e transmitir esse conhecimento de forma clara para que seja entendida pelos tomadores de decisão;
– Atualizar-se sobre as novas tendências, para que, tendo essa visão de futuro, não se prenda ao passado e possa enxergar as melhores opções a serem compartilhadas;
– Participar das decisões políticas que envolvem a economia e tributação, que é especialidade do contador.
IPC: Como você avalia o contador do futuro?
CB: O contador é o portador das informações relevantes das empresas que devem ser utilizadas para a tomada de decisão. Sendo ele conhecedor dessas informações e das técnicas contábeis, econômicas e de gestão, deve ser um agente ativo junto aos empresários, dando elementos imprescindíveis para que possam gerir adequadamente suas empresas.
O contador precisa, além de atender as regras contábeis para apresentar as informações, encontrar formas variáveis de levar as informações de forma que os terceiros envolvidos as entendam com facilidade e possam de forma rápida, clara e objetiva, entender a situação econômico e financeira das empresas através dos números apresentados nas demonstrações contábeis.
Além disso, participar ativamente da vida política do país. Neste ponto, devemos destacar o protagonismo conquistado pelas entidades contábeis na discussão da reforma tributária. O Sescon-SP participou ativamente das audiências em defesa das micro e pequenas empresas, da desoneração da folha de pagamento, da simplificação e da neutralidade da carga tributária para todos os setores. Ganhamos visibilidade no debate da reforma, justamente, por sermos os mais capacitados a falar do dia a dia da tributação.
IPC: Em um futuro mais sustentável, como o contador deve se preparar?
CB: A responsabilidade social não é mais somente uma tendência, é uma realidade. As empresas precisam demonstrar a sua responsabilidade, tanto no aspecto social, com a comunidade onde está inserida, bem como com o meio ambiente, que precisa preservado e renovado. As demonstrações contábeis, são a fonte de informações das atividades da empresa, e, portanto, deve demonstrar a sociedade essa responsabilidade.
O contador precisa se atualizar, estudar e ter conhecimento sobre a forma de reportar essas informações a sociedade. O balanço social, e a ESG, são formas de dar conhecimento das atividades desenvolvidas e o contador deve estar preparado para desempenhar adequadamente esse trabalho.
IPC: Quais os principais ensinamentos do encontro?
CB: O terceiro encontro regional on-line, organizado pelo Sescon-SP, com o apoio das demais entidades de contabilidade do estado, procurou levar aos empresários e profissionais que trabalham nas empresa contábeis, alguns assuntos importantes para reflexão:
– Como levar uma vida plena e saudável, equilibrando o aspecto pessoal e profissional;
– Como utilizar a inteligência emocional a seu favor, controlar e melhor suas emoções;
– Como utilizar o marketing digital para conquistar clientes e novos negócios;
– Dicas e informações de como ser um empresário e ter sucesso nessa atividade;
Os encontros do Sescon-SP já são uma marca, que além de conhecida e esperada em todo o estado de São Paulo, chega agora a diversas regiões do Brasil. O formato on-line já foi um sucesso, e caminhamos para um modelo híbrido de eventos para os próximos anos.
IPC: Quais atividades e planos o senhor tem para o futuro?
CB: O triênio desta gestão do Sescon-SP encerra-se no dia 31 de dezembro de 2021, atuei e colaborei dentro das minhas funções de vice-presidente com o Presidente, Reynaldo Lima Jr., e também me dediquei nas comissões de eventos e parcerias. Já são 15 anos vivenciando o dia a dia do Sescon-SP e da Aescon-SP, passando por diversos cargos até chegar a essa vice-presidência.
Como ressaltado, estamos no final da gestão, e o Sescon-SP e a Aescon-SP já iniciaram os seus processos eleitorais, onde no início do mês de setembro tive a oportunidade de protocolar uma nova chapa para concorrer ao processo eleitoral das entidades.
Em uma análise geral, os sindicatos tiveram que mudar, provocados pela reforma trabalhista e principalmente com a não obrigatoriedade do pagamento da Contribuição Sindical, no Sescon-SP não foi diferente, tivemos um longo caminho de reestruturação de pessoas e de finanças, hoje, com as contas mais equilibradas, pretendemos um futuro sustentável.
Não podemos esquecer que assim, como todas as pessoas jurídicas no Brasil e no mundo, passamos pela dificuldade da pandemia, mas o Sescon-SP atuou de forma cooperativa com a administração pública, ajudando nos protocolos sanitários de retomada da economia. Apesar de todos os percalços, o que mantemos como missão é estar na vanguarda, e para os próximos anos é isso que colocamos como meta, estar sempre preparados para superar os desafios e mais que isso trazer sempre um toque de inovação, seja nas parcerias com os entes públicos, privados ou nas parcerias comerciais.
IPC: Como deve ser 2022 para os contadores?
CB: Em primeiro lugar, esperamos que em 2022 a população esteja vacinada, livre desse vírus avassalador, e que a pandemia esteja controlada. Esperamos que a economia mundial e principalmente do Brasil, retome com força, para trazer crescimento e com assim, a eliminação dos males que prejudicam o nosso país, o desemprego e a miséria que atinge grande parte da população. É muito dolorido ver pessoas em situação de fome em um país rico, de tantas opções em pleno século XXI.
Para os contadores e empresários contábeis, acredito que, havendo essa recuperação da economia, serão anos prósperos, que trarão muitas opções de trabalho, bons resultados e um crescimento junto ao país.