A reunião plenária do CRCSP em 29 de julho de 2022 transcorreu em clima de muita emoção com a homenagem à contadora Ermelinda Rodrigues de Campos, um exemplo da classe contábil. Deficiente visual, ela passou três vezes pelo Exame de Suficiência e só na terceira tentativa foi aprovada.
Ermelinda mora em Taubaté/SP e trabalha em um instituto odontológico. Nasceu em Palotina, cidade do Paraná, e cresceu vendo o pai, agricultor, fazendo cálculos e projetando despesas. “Vem daí meu desejo de ser contadora, mas sempre me diziam que era uma profissão de homens”, lembra Ermelinda.
Apesar das opiniões que Contabilidade era uma profissão masculina, Ermelinda cursou Técnico em Contabilidade e registrou-se no CRCSP em 1993. Quis fazer um curso superior e optou por Jornalismo, mas não era o que queria.
“Sempre foi Contabilidade”, disse Ermelinda. Com uma doença degenerativa congênita e com o agravamento de sua condição, ela entrou cinco vezes no curso de Ciências Contábeis da Universidade de Taubaté (Unitau), mas desistia diante das dificuldades, até encontrar o apoio que precisava.
“Como deficiente, a gente acredita que não tem capacidade, mas não é isso”, contou Ermelinda. Com a determinação de uma irmã, que insistia que ela era competente, e a ajuda do Programa de Apoio ao Estudante com Necessidades Especiais (Paenee) da Unitau, Ermelinda tornou-se bacharel em Ciências Contábeis.
“Meus anjos apoiadores foram o professor de Psicologia Organizacional e Carreira, Paulo Henrique Costa Sodré, que há 30 anos trabalha pela inclusão de pessoas deficientes, e que era diretor do Departamento de Gestão e Negócios quando fiz o curso, e minha monitora, Aline Tomaz D’Alessandro do Nascimento”.
A plenária
A última sessão plenária de julho deste ano, começou com um minuto de silêncio pedido pelo presidente do CRCSP, José Aparecido Maion, pelo falecimento do conselheiro, de 2014 a 2021, Cláudio Gonçalo Longo. “Um profissional excepcional”, nas palavras de Maion, “e grande contribuidor da Contabilidade”.
Em seguida, o conselheiro William Peterson de Andrade fez uma breve reflexão sobre gratidão. “No nosso dia a dia, não devemos esquecer de agradecer a Deus por tudo o que nos é concedido na nossa vida”, disse William.
A plenária teve também a presença dos vice-presidentes João Carlos Castilho Garcia (Administração e Finanças) e Marcelo Roberto Monello (Fiscalização, Ética e Disciplina), do presidente do IPC, Gildo Freire de Araújo, que também foi presidente do conselho gestão 2016-2017, dos diretores do CRCSP, Claudio Rafael Bifi (Executivo) e Carlos do Carmo Rufino (Administrativo) e de conselheiras e conselheiros.
Os coordenadores das três Câmaras de Fiscalização, e das Câmaras de Registro, Desenvolvimento Profissional, de Recursos e de Controle Interno apresentaram o resultado do trabalho desenvolvido no mês e colocaram suas conclusões em votação pelos conselheiros.
A homenagem
A homenageada Ermelinda veio ao CRCSP acompanhada por um dos seus filhos, pelo professor Paulo, sua monitora Aline e pela delegada representante do CRCSP em São José dos Campos, Vera Lúcia dos Santos.
Apresentada pelo vice-presidente Castilho como “exemplo de esforço e boa vontade”, Ermelinda foi saudada também pela delegada Vera, pelo professor Paulo, pelo presidente Gildo e o vice-presidente Monello, todos unânimes em elogiar sua capacidade de conquista e de vencer desafios.
“Agradeço sua presença e seu exemplo”, disse Monello. “O CRCSP há dois anos criou a Comissão de Diversidade e Inclusão, que hoje é a Subcoordenadoria de Diversidade e Inclusão dentro da Comissão Ambiental, Social e Governança, justamente para acolher seres humanos com qualquer tipo de necessidade especial”.
Convidada pelo presidente Maion para fazer parte da Subcoordenadoria de Diversidade e Inclusão, Ermelinda foi muito aplaudida quando aceitou o convite.
A conselheira Teresinha da Silva, que também mora em Taubaté, disse que estava orgulhosa com a trajetória de Ermelinda. “Conheço seu talento e parabenizo a Unitau por seu programa de inclusão”, disse a conselheira.
A homenageada recebeu do presidente Maion um Certificado de Resiliência, por sua determinação, persistência e pela vitória conseguida, ao ser aprovada no Exame de Suficiência e receber sua carteira profissional de contadora.
Ermelinda Rodrigues de Campos tem 46 anos, dois filhos estudantes de Engenharia e uma filha estudante de Direito. Está empregada na mesma empresa há 18 anos. Apaixonada por Contabilidade, ela quer exercer na plenitude tudo o que se refere à sua mais recente conquista.
Fonte CRCSP
