Autismo: Entendendo o transtorno do espectro autista e a importância da inclusão na sociedade

O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição do desenvolvimento neurológico que afeta a forma como uma pessoa se comunica, interage socialmente e percebe o mundo ao seu redor. A prevalência do autismo tem aumentado significativamente nas últimas décadas, levantando questões sobre diagnóstico, tratamento e, principalmente, inclusão social.

Segundo Joaquim Bezerra, coautor do livro “Autismo: Quando o diagnóstico chega”, estamos diante de uma condição humana em que uma a cada 36 crianças que nascem, de acordo com pesquisas americanas, demonstra que essa pessoa nasce com autismo. No Brasil, isso representa cerca de 1% da população, o que equivale a aproximadamente 2 milhões de brasileiros. No entanto, acredita-se que esse número pode chegar a 3% após o próximo censo, totalizando cerca de 6 milhões de pessoas autistas.

Bezerra enfatiza que a inclusão dessas pessoas é fundamental. “Toda pessoa com deficiência precisa ser incluída. É crucial lembrar que a grande massa do autismo está ligada a outras síndromes, como o TDAH, que impactam a comunicação e os aspectos sociais, mas que não tornam a pessoa incapaz. Há muitos autistas de alta performance, com habilidades excepcionais que contribuem de forma significativa para diversas áreas, como tecnologia e matemática.”

Sobre a importância da inclusão, ele afirma: “Qualquer iniciativa, seja no esporte, na arte, pela ciência ou na educação, é válida. O primeiro passo deve ser a conscientização da família sobre a condição do autista, seguida pela adaptação das escolas e dos serviços públicos para receber essas pessoas.”

Na questão da comunicação, Bezerra reconhece que o autismo afeta a interação. “Autistas muitas vezes têm dificuldade em olhar nos olhos ou responder a comandos. O que precisamos entender é que a crise que um autista enfrenta pode ser resultado da impossibilidade de expressar o que sente, não uma rebeldia. Portanto, a primeira coisa a fazer é compreender que ele é uma pessoa autista.”

Ele acrescenta que o amor deve ser a abordagem central ao se comunicar com autistas. “Em vez de aumentar a voz ou usar qualquer força, use o amor. O amor é a arma mais poderosa para lidar com pessoas, permitindo criar um ambiente acolhedor que facilita a comunicação.”

Bezerra também fez uma análise da importância de apoiar as famílias de pessoas autistas: “Abrir espaços para discussões sobre o autismo, como neste artigo, já é um grande auxílio. Quanto mais falarmos sobre a condição, mais chances teremos de integrar essas pessoas à sociedade. Para isso, é fundamental que instituições façam pressão junto ao poder público para ampliar essa conscientização em escolas, postos de saúde e outros serviços.”

Por fim, ele reflete sobre como a inclusão de pessoas autistas beneficia toda a sociedade: “A presença de pessoas autistas nos convida a repensar valores e nos desconectar da competição e da maldade frequentemente vistas na sociedade. Conviver com autistas é uma grande oportunidade de evolução pessoal, que traz conceitos de resiliência, compaixão e solidariedade, essenciais para o nosso crescimento coletivo. Essas experiências nos ajudam a conectar com uma perspectiva mais humana e sensível.”

O espectro autista é caracterizado por uma ampla gama de habilidades e desafios. Enquanto algumas pessoas podem apresentar dificuldades significativas em áreas como comunicação e interação social, outras podem ter habilidades excepcionais em campos específicos, como matemática, música ou arte. Essa diversidade dentro do espectro é um dos motivos pelos quais o autismo é frequentemente descrito como uma condição única que se manifesta de diferentes maneiras em cada indivíduo.

A compreensão do autismo está em constante evolução, e a promoção da conscientização é essencial. Iniciativas educacionais, sociais e políticas são fundamentais para garantir que as pessoas autistas sejam devidamente reconhecidas e apoiadas em suas necessidades, permitindo uma participação plena e equitativa na sociedade. O desenvolvimento de estratégias de inclusão é crucial para criar ambientes que respeitem as diferenças e promovam a empatia e a compreensão. Com o apoio adequado, muitas pessoas com autismo podem alcançar seu potencial completo e contribuir significativamente para a sociedade.