No Brasil, micro e pequenas empresas representam 97% do total de negócios, gerando 72% dos novos empregos e contribuindo com 26,5% do PIB em 2024. Embora esse segmento seja o coração da economia nacional, a realidade do empreendedorismo continua marcada por altos índices de encerramentos: no primeiro quadrimestre de 2024 foram fechadas 854 mil empresas, apesar da abertura de 1,45 milhão de novos CNPJs. Esse cenário evidencia tanto a pujança quanto a fragilidade das micro, pequenas e médias empresas (MPEs), recalibradas por níveis estruturais ainda insuficientes em gestão e acesso a crédito.
Segundo dados do Sebrae, as PMEs brasileiras cresceram 4,5% em faturamento ao longo de 2024, com destaque para o setor de comércio (+8,1%) e vendas no varejo (+6,4%). Ainda assim, desafios persistem: deficiências no planejamento financeiro, controle de fluxo de caixa precário e restrições no acesso a linhas de crédito, muitas vezes onerosas, dificultam a sustentabilidade dos negócios. A escassez de garantias e a informalidade agravam essas limitações, ressaltando a necessidade de uma gestão financeira mais estruturada
Helô de Castro, vice-presidente de Administração e Finanças do CRCSP, na gestão 2024-2025, aponta a gestão financeira como o principal desafio enfrentado pelos empreendedores. Segundo ela, muitos empresários acabam priorizando o core business, seja vender, atender ou produzir, e deixam a administração financeira em segundo plano. “A maioria se perde justamente por não dar a devida atenção à gestão financeira”, afirma.
Outro ponto abordado por ela é o papel da inteligência artificial (IA) na gestão empresarial. Para ela, a tecnologia oferece automações importantes, como compilação de dados e comparativos financeiros, além de sugestões de interpretação. No entanto, alerta: “A IA pode dar uma prévia de diagnóstico, mas não substitui a análise humana. É preciso um profissional para validar as informações”.
Sobre as melhores práticas, Castro destaca a importância do acompanhamento diário das finanças e do planejamento do fluxo de caixa. “Isso permite ao empresário antecipar necessidades de capital de giro e negociar melhores taxas de juros, que hoje estão muito altas”, explica.
Por fim, ela aponta as competências essenciais para o futuro da gestão contábil: liderança e conhecimento sobre a reforma tributária prevista para 2026. “Liderar equipes e entender profundamente as mudanças tributárias serão diferenciais para manter negócios sustentáveis”, conclui.




