Os fatores ESG é a sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português), na percepção de Livio Giosa, presidente do CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) e do CENAM (Centro Nacional de Modernização Empresarial) e diretor de sustentabilidade da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), significam um modelo de atuação da empresa, que reflete o seu posicionamento com relação as boas práticas nesse tripé. “Tudo isso é irradiado para toda a empresa, o que a faz ser reconhecida nesse sentido”, diz.
Para demonstrar que a empresa está dentro dos ESG, ela precisa informar os seus stakeholders todas as suas ações desenvolvidas. Para isso, Giosa aponta que o melhor meio são as publicações dos relatórios, como por exemplo, ambiental, Global Reporting Initiative (GRI) entre outros. “Aqui as empresas seguem inclusive modelos internacionais de divulgação, auditados, inclusive. Eles refletem e exatamente o que a empresa faz. Ao fazer esses relatos, mostra se cumpri ou não essas boas práticas. Outro ponto, é que essas informações devem constar inclusive no código de ética. Os documentos formais validam as ações da organização”, explica.
Os fatores ESG são uma demanda mundial da sociedade, dos mercados, dos governos e da mídia. Aos poucos, segundo Giosa, foram criando valor as essas práticas. “Tem a ver com as mudanças climáticas que impactam diretamente à sociedade. O mundo está preocupado, pois o aquecimento global inviabilizaria uma série de atividades e de negócios, além de impactar significativamente as populações em vários estágios de renda no Brasil e no mundo. São os sinais que estamos recebendo. Basta entender que em 1.500, quando o país foi descoberto, tínhamos 100% da mata atlântica, hoje temos muito menos. O tipo de desenvolvimento que foi a base da devastação não funciona mais. O processo de sustentabilidade exige que o desenvolvimento econômico seja com equidade social e equilíbrio ambiental seguindo a governança. A sustentabilidade que está no centro”, avalia.
Há um grande risco ao negócio daquelas empresas que não adotarem os fatores ESG, porque é uma grande solicitação do mercado. “Primeiro pelo lado do consumidor que exige essa postura, o mercado e os investidores exigem empresas responsáveis através dos seus produtos e serviços. Como maior parte das grandes empresas já está se organizando no sentido ESG, automaticamente as médias e menores também irão. Os programas de compliance obrigam o compromisso e responsabilidade dos fornecedores, quanto a adoção das metas EGS. É um ciclo, a grande contrata a pequena e a média, que deverão se adequar se não quiserem perder o contrato. As empresas têm que perceber o quanto elas precisam evoluir. Tem ainda o sistema financeiro, vários fundos verdes foram criados e estão operando somente com as empresas com o ESG. Isso colocando dinheiro no mercado. Agora em abril, todos as instituições financeiras brasileiras começam a operar com linhas verdes”, ressalta Livio Giosa.
Com relação a governança, o especialista entende que, a empresa precisa analisar as ações relacionadas a estrutura organizacional, que deve refletir basicamente a operação, proporcionando agilidade e racionalidade na construção da comunicação interna, além da percepção hierárquica. Ter um conselho de administração, se for o caso, auditoria interna, conselho fiscal, auditoria externa, um sistema de compliance, LGPD, código de conduta, entre outros que irão permear as boas práticas de governança corporativa.
Do ponto de vista social, ele acredita que, a empresa precisa olhar para dentro, ver como conduz os processos com os seus colaboradores, seu plano de benefício, se tem um processo de acolhimento, de aprimoração, um day after, após a sua saída da empresa. “Avaliar se a empresa promove qualidade de vida com atividades, atividades que promovam o voluntariado e condições do corpo funcional atuar na linha de ferente de programas sociais. Se estima ações comunitárias. E, ainda, se promove a diversidade com a contração de um quadro heterógeno negros, mulheres em cargo de gestão, se ela cumpre com as regras de cotas, admitindo pessoas com deficiência, se dá espaço para o menor aprendiz, se olha para dentro da organização como salários, se não tem um gap entre eles muito grande se tem estímulos para crescer e por aí vai. Do ponto de vista externo, as atividades sociais têm inúmeras possibilidades onde a empresa deve e pode prever os impactos que provoca junto as comunidades lindeiras. Desenvolvendo ações com ONGs locais, ações de inclusão social, projetos transformadores, com a inclusão social na área de educação, saúde, esportes, uma gama de possibilidades que podem ser desenvolvidas a fim de promover algo relevante da sua abordagem”, exemplifica.
Por último, com relação a questão ambiental, Giosa cita, que a organização precisa entender quais os impactos que promove. “Identificar qual a sua pegada ecológica, quanto ela emite carbono, seja qual for, todas emitem nas suas várias dimensões não só nas suas atividades como dos seus funcionários. Dos fornecedores, a empresa precisa dimensionar isso e criar ações para minimizá-los. E essa será minimizado, se dará através de várias atividades, plantio fora da empresa ao entorno, destino de lixo, tem muitas ações que podem ser feitas”, finaliza.