Não é de hoje que a reforma tributária está em pauta no Brasil. Mas qual é o impacto dela e das mudanças legislativas como um todo na atividade do profissional da contabilidade? Na visão de Reynaldo Lima, presidente do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo) e Aescon-SP (Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo), em se tratando de reforma tributária, os profissionais da contabilidade são um dos mais qualificados a contribuir, pois estão o tempo todo estudando os tributos. “O Brasil é um país que vem transformando e alterando os tributos, praticamente, diariamente. Sempre estamos atentos às mudanças e alterações e, mais do que isso, temos a capacidade de analisar e calcular de forma profunda e detalhada essas alterações e os seus impactos nas empresas. Além disso, podemos distinguir se as propostas trazem impactos positivos ou negativos. Se irão trazer um equilíbrio ou não a uma determinada categoria ou setor”, diz.
Para ele, o contador faz o papel de defensor da sociedade, pois transita em todas as atividades, e isso é muito importante. “Quando defendemos uma reforma ou um ponto de vista, não estamos defendendo uma categoria ou um tipo de empresa, mas sim a sociedade como um todo. Uma reforma apoiada pelos contadores será sempre mais equilibrada em vários sentidos. O contador consegue analisar os impactos que haverá nos setores específicos. É importante equilibrar para que não seja negativo a um setor em detrimento de outro. E isso irá trazer benefícios à sociedade”, explica.
Com isso, segundo o presidente do Sescon-SP, o profissional da contabilidade ganha valorização. “Trabalhando em prol da sociedade você está valorizando esse profissional. Com a pandemia, por exemplo, vieram vários problemas às empresas em decorrência das medidas provisórias publicadas pelo governo. O que acabou colocando em evidência ainda mais o profissional. Houve um reconhecimento das empresas nesse sentido e ainda uma maior aproximação de relacionamento com os clientes”, pontua.
Essa relação ao cenário de mudanças, Lima entende que, acabou gerando um relacionamento mais próximo entre o contador e as empresas. “A pandemia contribuiu muito nesse sentido. Mesmo que a volta aos encontros presenciais aconteça, todo esse relacionamento on-line deve permanecer. Não tem mais volta. Esse modelo mais consultivo veio para ficar. Uma recomendação que fazemos é que isso se torne permanente. A tecnologia favoreceu esse modelo mais próximo. As tantas mudanças trabalhistas favoreceram o desenvolvimento de uma contabilidade mais consultiva. A relação de confiança se transformou. O contador se aproximou mais para sugerir outras oportunidades às empresas diante das dificuldades. A relação com o cliente voltou à tona e de forma muito mais produtiva”, avalia.
Para os próximos anos, a tendência é de uma contabilidade mais consultiva. “Os profissionais que viram essa relação e esse movimento no seu dia e implantaram isso terão mais sucesso. Com as reuniões virtuais ou as presencias quando voltar ao normal, esse relacionamento passará a ser uma coisa rotineira no andamento das atividades da empresa, o contador estará mais envolvido na tomada de decisão, será um influenciador delas. Isso deve acontecer naturalmente. Essa que é a contabilidade do futuro. Aquela que era só apuração de tributo vai acabar, por causa da tecnologia, as atividades mais operacionais devem ser substituídas por equipamentos, mas essa mais consultiva deve crescer, mas muitos mais personalizada”, finaliza.