O IASB, que emite as IFRS, está analisando e captando a opinião pública, para saber se mantém a norma PME alinhadas às normas para grandes empresas
É fato que as normas contábeis brasileiras estão alinhadas com as normas internacionais de contabilidade desde 2010, ou seja, há mais de 10 anos. Dessa forma, Marta Pelucio, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), já não entendemos como sendo “novas regras”, mas o processo normativo das IFRS está em constante melhoria, ou seja, o tempo todo surgem alterações de normas, com introdução de novas diretrizes. Por isso, segundo ela, a educação continuada aos envolvidos no processo é tão necessária.
O que precisa ficar claro, na percepção de Pelucio, é que não pode haver confusão por parte das empresas ou profissionais, é sobre a normatização para grandes empresas e a de pequenas e médias empresas (PME), pois são normas distintas. “Recentemente, foram alteradas três normas contábeis para as grandes empresas sobre: receitas, arrendamentos e instrumentos financeiros. Essas alterações, no entanto, não afetam de imediato a norma para PME. Atualmente, a norma de PME está em processo de revisão que, entre outras coisas, está sendo analisado se essas alterações que aconteceram para as grandes empresas serão refletidas na norma de PME”, pondera.
Para ela, em princípio, a norma de PME foi desenvolvida com base nas normas para grandes empresas. “O IASB (International Accounting Standards Board), que emite as IFRS, está analisando e captando a opinião pública, para saber se mantém a norma PME alinhadas às normas para grandes empresas. Caso opte por não manter o alinhamento, não necessariamente as alterações que ocorrem nas normas para grandes empresas terão reflexo na norma para PME. Sou membro do grupo de apoio ao IASB com relação à norma de PME (SMEIG – SME Implementation Group) e pelas reuniões que participei junto ao IASB, a tendência é de que o alinhamento se mantenha. Mas, as alterações nas normas para grandes empresas somente são refletidas para as PME, após a alteração da norma específica para PME”, explica a presidente da ANEFAC.
As normas atuais exigem mais interpretação e, ela vê isso como sendo muito positivo, pois valoriza o profissional contábil e o produto do seu trabalho. “Não é mais difícil, só é diferente. Tem que mudar a forma de atuação profissional para entender e traz mais transparência para a informação contábil, sem sombra de dúvidas. A adoção no Brasil não foi fácil, mas hoje em dia, as empresas de grande porte já estão bem alinhadas com as IFRS e também com seu processo de contínuas alterações. No entanto, o mesmo não ocorre com as pequenas e médias empresas. E, isso está no radar do Conselho Federal de Contabilidade. Faço parte de um grupo, que foi criado pelo órgão e estamos analisando como melhorar a contabilidade das PME e como tornar mais viável para que esse tipo de entidade adote as normas emitidas pelo CFC. Cabe ressaltar que, as normas IFRS passam por processo de tradução e emissão de normas do CPC e depois são devidamente transformadas em NBC (norma brasileira de contabilidade) por parte do CFC. E, portanto, são normas que devem ser obrigatoriamente adotadas pelos contadores e pelas empresas”, avalia.
Ao finalizar, Pelucio, acredita que os contadores que ainda têm dúvidas precisam estudar, fazer parte do processo e acompanhar o movimento. E completa: em breve não haverá mais espaço para profissionais desatualizados. “Eu acompanho constantemente o que acontece, quer seja por meio profissional, na ANEFAC, estamos sempre estudando e acompanhando o processo de normatização contábil e trocamos experiência com outros profissionais, quer seja por meio acadêmico, pois leciono sobre o tema”, diz.