IA reinventa a contabilidade: Presidente do Sescon-SP, Antonio Santos, aponta novo perfil do contador como estrategista e consultor

A inteligência artificial (IA) redefine as fronteiras da contabilidade, transformando atribuições tradicionais e a forma como os serviços contábeis são prestados. A mudança, que vai além da automação de tarefas repetitivas, exige uma nova postura do profissional da área, capaz de aliar o rigor técnico à visão estratégica. Para Antonio Carlos Santos, presidente do SESCON-SP, o futuro da contabilidade reside na capacidade de gerar valor, confiança e visão estratégica para as empresas, com a tecnologia como aliada.

“A contabilidade como vimos até hoje realmente não vai mais existir. A inteligência artificial vem assumindo tarefas repetitivas e operacionais, mas isso não significa o fim da profissão, e sim sua evolução. Precisamos encarar a IA como uma grande aliada e não como uma ameaça”, afirma Santos. A automação, segundo ele, libera o contador para atuar como estrategista, consultor e parceiro de negócios, com foco em análise crítica, planejamento tributário, gestão de riscos e apoio à tomada de decisões.

Os avanços em IA já impactam a tomada de decisões estratégicas nas empresas, ao possibilitar análises em grande escala e a geração de cenários complexos em tempo real. Essa precisão e agilidade, na visão de Santos, no entanto, trazem consigo implicações éticas. “O grande desafio é garantir que os modelos de IA sejam transparentes e livres de vieses. Se os dados usados para treinar a IA contiverem equívocos ou preconceitos, as decisões automatizadas podem perpetuar ou até mesmo amplificar desigualdades e desvirtuar o processo”, alerta.

Por isso, ele acredita que o importante é que os profissionais entendam como os algoritmos funcionam e garantam que as decisões baseadas em IA sejam limpas, justas e auditáveis, sublinhando que a responsabilidade final pela decisão deve permanecer humana. “A automação e a inteligência artificial ampliam a precisão e a eficiência das práticas contábeis, mas a confiança dos clientes continua ancorada no papel do profissional humano”, destaca.

O presidente do Sescon-SP avalia que é o contador quem interpreta os dados, dá sentido às informações e assume a responsabilidade pelas decisões, enquanto a tecnologia atua como suporte robusto para reduzir erros e agilizar processos”, explica, ressaltando que a credibilidade, portanto, é fruto da combinação entre análise crítica, ética e sensibilidade humana com o poder da automação. “A confiança se fortalece justamente porque a tecnologia potencializa o trabalho do contador, sem substituir o valor insubstituível de sua atuação”, diz.

A IA, apesar de sua capacidade de processar dados em alta velocidade e identificar padrões, não consegue avaliar impactos éticos, compreender nuances de cada negócio ou considerar fatores humanos. ” Para que a tecnologia seja de fato uma aliada, é essencial que o contador permaneça no comando, validando informações, questionando resultados e traduzindo dados em estratégias adequadas ao contexto do cliente. Dessa forma, a IA complementa o trabalho, ampliando eficiência e precisão, enquanto o profissional garante o que é insubstituível: a análise crítica, a responsabilidade e a confiança que sustentam a contabilidade”, defende Santos.

Diante da nova realidade, a multidisciplinaridade, na visão dele, se torna um requisito essencial para o sucesso do contador. “É preciso ir além das normas contábeis e fiscais, integrando conhecimentos de tecnologia, análise de dados, direito, economia e gestão para atuar de forma completa e estratégica. Somam-se a isso qualidades comportamentais como adaptabilidade, pensamento crítico, comunicação clara e inteligência emocional, que permitem interpretar contextos, dialogar com diferentes públicos e transformar informações em decisões seguras. A IA fornece velocidade e precisão, mas é o contador, com essa combinação de competências técnicas e humanas, quem garante confiança e gera valor real para as empresas”, conclui.